sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Bandeira e Brasão da Vila da Pampilhosa

Brasão: Escudo de prata, locomotiva de negro guarnecida de prata e com rodado de vermelho, acompanhada em chefe de um moringue de barro, de sua cor entre dois cachos de uvas de púrpura folhados de verde e em ponta de dois báculos de ouro filetados de negro e passados em aspa. Coroa mural de quatro torres de prata. Listel branco, com a legenda a negro, em maiúscula: “VILA de PAMPILHOSA”.
Locomotiva – A preto, representa o Caminho-de-ferro, que trouxe o progresso à Vila, passando esta de comunidade agrária para centro industrial. É a reprodução de uma máquina, de 1925, que se encontrou, durante anos exposta na estação dos Caminhos-de-ferro de Pampilhosa.
Cerâmica (Moringue) – Referencia à importância da indústria cerâmica da Vila no início do século XX. A peça em barro, um moringue, é a cópia fiel de um moringue em grés existente no museu etnográfico de Pampilhosa, fabricado na primeira fábrica de cerâmica existente na Vila – a Fabrica Velha.
Cachos de uvas – relação com o Concelho – representam a Bairrada, região onde a Pampilhosa está inserida.
Báculos do episcopado - Báculos, a ouro, do Abade e da Abadessa do Mosteiro de Lorvão, pois na altura da doação no século XII (1117) – o mosteiro era de frades da ordem de S. Bento, passando, no século XIII (1200), a freiras da ordem de S. Bernardo, continuando os habitantes da Pampilhosa a pagar o dito foro ao mosteiro até à extinção dos conventos, já no século XIX (1834).
Bandeira: Esquartelada de verde e branco. Cordão e borlas de prata e verde. Haste e lança de ouro.
Selo branco: Circular, com as peças do escudo sem a indicação de cores e metais, tudo envolvido por dois círculos concêntricos, onde corre a legenda “Junta de Freguesia de Pampilhosa”.

domingo, 11 de janeiro de 2015

A igreja que hoje vemos na freguesia não é a primitiva capela ou igreja onde, no século XV, já Santa Marinha era a padroeira.
Sob o ponto de vista arquitectónico, não há nada no actual edifício que faça lembrar essa época, e há na freguesia pelo menos desde o século XVII um topónimo chamado igreja velha, onde foram encontradas colunas e restos de ossadas que podem apontar para o primitivo local de culto.
O actual edifício é de uma só nave, de tecto apainelado de madeira simples, e a sua construção data do século XVIII.
Sobre a construção da igreja sabe-se muito pouco, os documentos deixam concluir que no século XVII, além do altar da padroeira, tinha apenas os dois altares laterais, - Nossa Senhora do Rosário, e o actual S. José, que era então o Santíssimo.

Texto adaptado de: «Pampilhosa oito séculos de historia» de Maria Alegria Fernandes Marques

As aberturas são rectangulares, a porta principal é dotada de friso e cornija e remate de nicho que duas aletas acompanham, no nicho S. Agostinho de pedra evoca os últimos padroeiros. A porta travessa da direita mostra friso e cornija.
Os retábulos principais e colaterais, de madeira, pertencem à segunda metade do século XVIII, tem duas colunas e pintura a marmoreado. Uma tela, naquele, fecha o camarim e representa o martírio de Santa Marinha, sendo do século seguinte. O retábulo do arco da esquerda é composto por diversas talhas do século XVII e XVIII; o da direita do século XVIII, mostra colunitas e suportes em forma de base de Hermes.
Destacam-se as esculturas de Santa Marinha de pedra gótica, pequena dos séculos XV e XVI, simples são de madeira as de São. José, Virgem com o Menino (Rosário), nos colaterais de tamanho médio do século XVIII, regulares; Cristo crucificado, grande corrente, do século XIX; Santo António, pequeno, do século XVII. A pia baptismal e uma de água benta mostram perfis quinhentistas.
A cruz processional, de prata branca, dos séculos XVI – XVII, mostra braços planos e de terminações trevadas, nó em urna antiga, sendo todas as superfícies decoradas com tarjas entrelaçadas.

Texto adaptado de: Academia Nacional de Belas Artes Inventario Artístico de Portugal Distrito de Aveiro / zona sul – 1959

Acrescente-se que, durante uma obra de conservação, se decidiu retirar a tela que representa o martírio de Santa Marinha, para que fosse restaurada.  Para grande espanto de todos, descobriu-se um altar mor em talha dourada, que estava escondido há anos.

Capela da Vera Cruz

Capela da Vera Cruz


Capela Vera CruzÉ a mais antiga das que se construíram na Freguesia. Conhecem-se referências da primeira metade do século XV. Não se sabe quando foi fundada nem por quem, os primeiros documentos referentes a ela são de 1427. Seria construída em pedra de Ançã com abóbada. Esta capela era considerada uma capela livre da Freguesia da Vacariça subordinada ao bispo de Coimbra sem qualquer relação com o Mosteiro de Lorvão A capela acompanhou as restantes instituições eclesiásticas da Freguesia da Vacariça na sua passagem para o Colégio da Graça em 1557.

Por contrato de 22 de Março de 1643 foram ajustadas obras a realizar na capela. A capela, a sacristia e casa dos padres deveriam ser calçadas e argamassadas.
Esta capela foi desde o século XV lugar de atracção de gentes que aí faziam as suas oferendas, segundo informação paroquial de Pampilhosa, em 1721, muitas pessoas lhe faziam romarias por fazer milagres... Tinha duas procissões por ano, em 10 de Maio e a 14 de Setembro.

Texto tirado de: «Pampilhosa oito séculos de historia» de Maria Alegria Fernandes Marques 

Acrescente-se que esta capela está em total ruína e situa-se num Campo destinado a atividades escutistas.

Capela do Senhor do Lombo

Capela do Senhor do Lombo

Capela do Senhor do Lombo Foi erguida no decurso do século XVIII, no sítio do Lombo, a primeira planta era octogonal e situava-se mais acima do que a actual, no Freixo.

Nos últimos anos do século XX  com a abertura da estrada foi necessário deslocar a capela.

É uma construção simples rectangular encimada por um óculo em losango formando recortes e vidraça em cruz, de vidro azul e branco. Termina no alto com cruz simples de braços arredondados.
Ao lado direito tem a sacristia, um pouco recuada e sobre esta o campanário, com sineta metida numa arcada formando moldura, que termina numa pequena cruz trilobado e ornamentada com duas pirâmides laterais.
Tem esta capela um só altar principal – do padroeiro – o Senhor dos Aflitos. É uma antiga imagem em pedra de Cristo Crucificado, século XVI, corrente. Tem ainda a imagem de pedra da Senhora da Ajuda, renascença graciosa século XVI, mutilada. É uma Virgem com o menino ajudando esta e levar a cruz. Há uma outra imagem em pedra bastante tosca, também de Nossa Senhora com o menino no braço esquerdo, segurando um pequeno globo, na outra mão a Senhora ergue um terço. Estas duas imagens estão colocadas no altar principal, ladeando a imagem do Senhor dos Aflitos.
Numa mísula à esquerda está a pequena imagem de Santa Luzia, em madeira. É mais recente mas anterior a 1872, onde aparece referenciada nos livros de «receita/despesa» desta capela. Ao lado direito está o púlpito, com a base em pedra e gradeamento em madeira. A porta principal é de madeira almofadada, o chão com lajes quadradas de pedra branca e negra, colocadas em simetria, provenientes da antiga capela, e lá colocadas em 1875, como se lê no mesmo livro.
Em 18 de Julho de 1900 dizia-se nela a primeira missa.
Tinha a sua festa feita pelos mordomos em honra e louvor do Senhor dos Aflitos com sermão e missa cantada.

Texto tirado de: «Pampilhosa oito séculos de historia» de Maria Alegria Fernandes Marques

Capela de S. Joaquim

Capela de São Joaquim


Capela São Joaquim
Situada no núcleo antigo da povoação e data do século passado.
É pequena, tem porta ogival, em cujo fecho se vê a data de 1904. Tem sacristia e torre, construídas já no século vinte, por Joaquim Baptista, que abriu também o oratório acima do altar onde se encontra a imagem do padroeiro.

Quanto a imagens, a actual do santo foi mandada executar no Porto, na segunda década deste século por Joaquim Baptista e Joaquim Maria Jordão. 
Possui ainda uma de Nossa Senhora dos Milagres, de S. João Baptista e Santa Teresa. 
A do padroeiro é a de melhor nível artístico; a da Senhora é tosca e primitiva e as outras correntes.
A primeira missa na capela foi rezada em 19 de Agosto de 1923, pelo arcipreste Francisco Ventura da Marmeleira do Botão.
A festa em honra do santo foi inaugurada em 18 de Agosto de 1918, por iniciativa de Joaquim Baptista e Joaquim Maria Jordão.
Em frente da capela situava-se o cruzeiro que hoje se encontra na Barrosa, termo do lugar.

Texto tirado de: «Pampilhosa oito séculos de historia» de Maria Alegria Fernandes Marques

Capela Nª Srª de Fátima

Capela de Nossa Senhora de Fátima


Capela de Nossa Senhora de Fátima Situada na Lagarteira é a mais recente capela da localidade, e acha-se ligada à expansão do século XIX. A sua construção data da década de quarenta do século vinte e a sua inauguração deve ter-se verificado em 1954.
A obra foi feita por subscrição popular mas teve como grandes dinamizadores o Padre José Pereira Torres e o casal António de Campos Tavares e Maria de Jesus de Campos Tavares.
A imaginária é deste século, à excepção do Cristo, que deve ser de finais do século XVIII, inícios do século XIX.
É a única das capelas onde se celebram actos de culto com regularidade.


Texto tirado de: «Pampilhosa oito séculos de historia» de Maria Alegria Fernandes Marques

Figuras importantes:

Nascido a 5 de Junho de 1890,
Guilherme Ferreira da Silva era filho de António Ferreira Inácio, barbeiro sangrador, e de Maria José Silva “ descendente das mais ilustres famílias Pampilhosenses”.
Cursou o Magistério Primário em Coimbra por vontade própria, embora a família aspirasse para o jovem Guilherme a carreira de médico.
Dotado de grande inteligência, frequentava tertúlias no restaurante da estação em Pampilhosa com os grandes industriais da altura. Segundo informação dos seus descendentes deslocava-se frequentemente a Lisboa à “Livraria Portugal” onde se juntavam os grandes inteletuais da época, salientando-se Aquilino Ribeiro de quem era amigo. Era um republicano convicto, certamente destas deslocações resultou o seu vínculo a diversos jornais em que colaborava, Diário da Beira, Republica, Século e Diário de Coimbra.
Vem a casar com Maria do Céu Ferreira Fonseca, professora primária, natural de Celorico da Beira, matrimónio do qual nasceram duas filhas, Edite Ferreira da Silva e Maria José Ferreira da Silva.
De um profissionalismo invulgar, aproveitava a sua ação enquanto professor, para alargar consideravelmente os horizontes culturais das crianças da Pampilhosa.
Deve-se à sua ação de dinamizador cultural, a educação no gosto pelas artes de toda uma geração de Pampilhosenses.
Integrou como flautista a Filarmónica Pampilhosense, associação de cuja direção viria a presidir mais tarde.
Em parceria com o maestro Joaquim Pleno que musicava as obras, escrevia entremezes e pequenas peças de teatro que encenava envolvendo a população autótone.
Ao senhor Professor Guilherme Ferreira da Silva se deve também a “importação” de um costume da época e que perdurou até aos nossos anos 80 do século XX, “Enterro do bacalhau”, que mobilizava toda a Pampilhosa Alta no cortejo em sábado de aleluia.
Funcionava em sua casa, na rua com o seu nome nº 24 uma extensão da Conservatória do registo civil.

Texto retirado da página web da Junta de Freguesia

Figuras importantes: Joaquim da Cruz



  Joaquim da Cruz (1884/1975)

Joaquim da CruzJoaquim da Cruz foi das pessoas mais importantes da Vila de Pampilhosa na primeira metade de Séc. XX e dos que mais contribuíram para o desenvolvimento e progresso da terra. Natural de Praia do Ribatejo, Concelho de Vila Nova da Barquinha, onde nasceu a 17-9-1884. Filho de Thomaz da Cruz e de D. Rosa Maria. 
No fim do séc. XIX e princípios do Séc. XX havia na praia do Ribatejo dois madeireiros e agricultores com ligações familiares: Thomaz da Cruz e Manuel Vieira da Cruz, com a particularidade de ambos virem a ter fábricas de serração na Pampilhosa. 
  Thomaz da Cruz foi pai de quatro filhos: Francisco, Joaquim, José e António. 
Com a entrada em funcionamento, em 1882, da linha de caminho de ferro da Beira Alta, a Pampilhosa começou a transformar-se por completo. A atual parte baixa de Pampilhosa, onde em 1870 não havia qualquer prédio, foi ocupada por algumas fábricas, armazéns e residências em poucos anos. Só cerâmicas chegou a haver quatro na zona entre os sítios da Ribeira das Cebolas, Paradas e Entre Silveiras que, com o caminho-de-ferro da Beira Alta passou a ser referida por Entroncamento de Pampilhosa. 
A primeira fábrica de serração de madeiras a ser instalada no Entroncamento (de Pampilhosa) foi de Thomaz da Cruz & Filhos, junto à via férrea e um pouco a sul da estação, isto no ano de 1905. 
Foi o caminho de ferro e a consequente instalação de indústrias de barro e de madeira que muito contribuiu para a criação de um pólo industrial e populacional da menos populosa Freguesia do Concelho de Mealhada que, em 1880, somava pouco mais de 650 moradores e, em 1910, já perto de 1500.
A esse surto de desenvolvimento sempre esteve ligado o nome de Joaquim da Cruz, com o seu dinamismo e a sua simpatia, levando-o a ser considerado e respeitado na terra.
 De facto, Joaquim da Cruz, republicano dos quatro costados, democrata e anti-clerical, muito cedo se embrenhou na politica local, ainda durante o regime monárquico, entusiasmando-se pelo desenvolvimento de uma comunidade que crescia e passou a considerar como sua. Nos primeiros tempos, Joaquim da Cruz ficou instalado na Pensão Rodrigues, um dos primeiros prédios a ser edificado junto à estação dos Caminhos de Ferro.
Nos últimos anos do séc. XIX e primeiros do séc. XX realizaram-se na Pampilhosa Alta alguns espetáculos de Teatro por amadores e alguns dos novos Habitantes do Entroncamento, nas cocheiras das carruagens do Caminho de Ferro. O povo de Pampilhosa frequentava esses saraus entusiasticamente. 
Com o crescimento e o progresso da povoação, justificava-se a existência de um local adequado para espetáculos teatrais. O ferroviário Lúcio de Oliveira e Silva sugeriu a construção de um edifício para Teatro. Na Tertúlia que então tinha lugar nas noites do Restaurante da Estação, o assunto foi apreciado e Joaquim da Cruz, Albano Christina e Abel Godinho logo apoiaram a ideia. Criou-se uma comissão para se tentar fundar uma Sociedade Recreativa e Cultural e para a construção de um teatro. Aos três entusiastas apontados juntaram-se Joaquim e João Teixeira Lopes, José Ferreira Pires, Dr. João Abrantes, Joaquim e José de Melo, Feliciano Rocha, Bartholomeu Dêlho e Paul Bergamim, que cedeu à Comissão Organizadora do futuro Grémio de Instrução e Recreio uma, leira de terra no sítio da Ribeira, para aí ser edificado o Teatro.
A construção do Teatro prolongou-se de 1906 até 1912, onde Joaquim da Cruz teve grande preponderância. No aspeto cultural, importantíssima para a Pampilhosa pois, na parte sul do Distrito de Aveiro, não havia qualquer casa de espectáculos. Joaquim da Cruz foi o primeiro Presidente da Direção, eleita em 1913. Sempre dedicou grande interesse pelo teatro, pela cultura.
Após a implantação da República, Joaquim da Cruz foi eleito o primeiro Presidente da Câmara Municipal de Mealhada, dedicando particular interesse à Pampilhosa, terra adotiva que considerava como sua.
Quando surgiu a ideia da construção de uma escola primária no Entroncamento, logo os dois irmãos (Francisco e Joaquim) aderiram à ideia, tendo a Firma de que faziam parte oferecido o terreno. Joaquim da Cruz passou a ser dos cidadãos mais populares e admirados não só na Pampilhosa, como no Concelho.
Um ano antes,  sugeriu a criação de uma Feira na Pampilhosa, na zona das Valadas que passou a ser referida por Feira. 
Fez parte da Comissão para a construção de um fontanário artístico que viria a ser inaugurado em 1916 e ficou a ser conhecido por Fonte do Garoto, escultura em bronze da autoria do Maestro António Teixeira Lopes.
Em 1912, sendo presidente da Câmara, conjuntamente com o Major António Pinho, Dr. Lebre, João Melo Mota e Augusto Brandão, dirigiu uma petição à Câmara de Deputados, no sentido do Concelho de Mealhada voltar para o Distrito de Coimbra, onde pertencera até 31 de Dezembro de 1853. 
Em 1913 Joaquim da Cruz fundou a Tuna Recreativa de Pampilhosa.
Entre 1917 e 1919 voltou a ser presidente da Câmara Municipal de Mealhada e fundou o Jornal Factos. 
Em 1920 teve a ideia de, conjuntamente com outros industriais da Pampilhosa, criar uma espécie de Caixa Mutual, para a que também contribuíram os operários com um pequeno desconto nos seus salários. Como os operários não concordassem, a ideia gorou-se.
Porém embora com alterações, a ideia voltou a ser tratada por alguns industriais, acabando por ser criada a Associação de Socorros Mútuos 7 de Agosto, em 1921. Ainda apoiou Francisco Mourão na iniciativa da criação da Casa da Sopa dos Pobres.
Por essa altura, o filantropo industrial trouxe para a Pampilhosa o segundo automóvel que houvera na terra, um vistoso Turcat-Méry, que, mais tarde, seria o primeiro pronto-socorro dos Bombeiros Voluntários. O primeiro automóvel que apareceu na Pampilhosa, foi um Chevrolet, propriedade do senhor Semedo, que residia perto da capela do Senhor do Lombo. 
A oito de Dezembro de 1923, Joaquim da Cruz casou na Figueira da Foz com D. Maria Rita dos Santos Carvalho, filha de Manuel José de Carvalho e irmã dos Drs. Joaquim e Júlio José de Carvalho.
No ano de 1924 ajudou a criação do Pátria Foot-Ball Club e deu apoio a Adriano Teixeira Lopes e Joaquim Pires na formação de Empresa Cinematográfica Pampilhosense, da qual inicialmente foi sócio. 
Por essa altura, Joaquim de Cruz defendia tornar-se imperioso construir um Bairro Operário e aprovar um plano geral de urbanização, dado o seu crescimento populacional, industrial e comercial, melhorando os arruamentos e o asseio. Chamou atenção para a falta de critérios nas edificações, necessidade de abertura de novas ruas e construção de uma Passerelle sobre as linhas para acesso à Estação. Também apelou aos proprietários para construírem edifícios com bom gosto, de forma a que, futuramente, a Pampilhosa fosse mais atraente.
Vila RosaEle mesmo mandou construir um belo e grandioso edifício, junto à fábrica de serração, edifício esse a que deu o nome de sua mãe Vila Rosa. Ainda hoje um belo Chalet, conquanto semi-arruinado, por longo abandono. 
À sua custa, mandou plantar várias árvores nas orlas das estradas da Freguesia de Pampilhosa. 
Em 1923, Joaquim da Cruz e Albano Christina convenceram Joaquim José de Melo a autorizar graciosamente a canalização de água de abundante nascente junto ao pinhal de Gândara, até perto da zona habitacional. Construiu-se então um aqueduto com mais de trinta arcos e essa fonte passou a ser a Fonte do Melo, inaugurada em 1925.
Tudo isto demonstrava o valor e o carinho que Joaquim da Cruz nutria pela terra que o adotou. Quando, em, 1926, se pensou em fundar uma Corporação de Bombeiros, Joaquim da Cruz logo deu o seu incondicional apoio e, com Adriano Teixeira Lopes, encabeçou a Comissão Organizadora. Na primeira eleição, focou a presidir à Assembleia-geral. Depois, por vários anos, Presidente da Direção e Primeiro Comandante, tendo colocado à disposição dos Bombeiros, graciosamente, um seu armazém que serviu de Quartel durante quinze anos.
Em 1931, vendeu ao B.V.P. o seu automóvel Turcat-Méry pelo preço simbólico de 3.000$00. Passou a ser o Pronto-Socorro nº1.
No período que se seguia à Guerra Mundial, principalmente no início dos anos cinquenta, a crise acentuou-se e as fabricas a pouco e pouco, começaram, a fechar. No período que se seguia à Guerra Mundial, principalmente no início dos anos cinquenta, a crise acentuou-se e as fábricas a pouco e pouco, começaram, a fechar. Vários ferroviários emigraram para África, outros vão para França, a população pampilhosense reduz-se, continuando, no entanto, a ser a mais elevada nas Freguesias do Concelho de Mealhada. 
Joaquim da Cruz que, a pouco e pouco, se vinha afastando da vida ativa, social e económica, encerra a fábrica de serração. Acaba por a vender, conjuntamente com a Vila Rosa, à Sociedade de Adubos Ceres.
Pelo referido, se pode concluir que Joaquim da Cruz, ribatejano que se tornou bairradino, foi figura destacada de Pampilhosa. 
Joaquim da Cruz faleceu na Pampilhosa no dia 3 de Agosto de 1975, ficando sepultado, na sua terra natal, Praia do Ribatejo.

Adaptado do texto retirado da página web da Junta de Freguesia

Figuras importantes: Fialho de Almeida

Fialho de Almeida dá o seu nome a uma rua da Pampilhosa e provavelmente a maior parte dos seus moradores desconhece quem  foi. Vejamos:


 
 José Valentin Fialho de Almeida nasceu a 1 de Maio de 1851, em Vila de Frades, no Baixo Alentejo.
Filho de uma família abastada, concluiu a instrução primária prosseguiu estudos em Lisboa.
Em 1871, após ter feito os exames do Colégio Europeu ao Conde Barão, entrou como boticário na Farmácia do Altinho ou de Peça.
Por esta altura, começa a escrever os primeiros ensaios, como por exemplo o folhetim “Ellen Washington”.
Entretanto, decide continuar os estudos com o objetivo de se tornar doutor.    
A 18 de Outubro de 1878 entrou na Escola Médico-cirúrgica, tendo terminado o curso de medicina em 1885.
Vem para a Pampilhosa em comissão médica, no “Lazareto”, à Lagarteira, onde hoje se situa a Capela Nª Srª de Fátima, por motivo da epidemia vinda da Espanha.  
Apesar de exercer a profissão de médico, na Pampilhosa, continuou a escrever, podendo-se destacar dois dos seus contos: “O filho“ e “A velha“.  

sábado, 10 de janeiro de 2015

Figuras importantes: Dr. Abel da Silva Lindo



O Dr. Abel da Silva Lindo nasceu na Pampilhosa no dia 23 de Abril de 1904, na rua que hoje tem o seu nome, filho de José Maria Lindo e de Albertina da Silva. Com um ano foi para o Brasil com os pais onde começou a escola e esteve até aos dez anos.

Entrou para a escola na Pampilhosa em 1915, o seu professor era Guilherme Ferreira da Silva. No ano 1916 foi viver com a sua avó Felismina Silva na cidade dos doutores, Coimbra, onde começou a frequentar a escola José Falcão. Em 1922 entrou para o curso de Medicina na Universidade de Coimbra. Ele gostava de Engenharia, mas os pais não queriam que fosse para o Porto ou para Lisboa, porque não tinham dinheiro para isso.

Em 1930 acabou o curso de Medicina e Cirurgia com boas notas.

Foi presidente da Câmara Municipal da Mealhada de 15 de Setembro de 1959 até 11 de Setembro de 1964.

Foi médico da sua terra e aldeias vizinhas, da Associação de Socorros Mútuos “7 de Agosto”, do Centro de Assistência Paroquial de Pampilhosa, de Companhia dos Caminhos-de-ferro da Beira Alta, do Posto Sanitário da C.P., do Sindicato dos Ferroviários, dos Serviços Médico-Sociais, de todas as industrias de Pampilhosa e de algumas dos arredores, de várias Companhias de Seguros, de todas as coletividades da terra, e ainda sempre que necessário ou solicitado, do Hospital da Misericórdia de Mealhada, de cujo Corpo Clínico sempre fez parte

Data de 1948 a primeira homenagem promovida por um grupo de amigos e pelo povo de Pampilhosa e arredores ao Dr. Abel Silva Lindo, dando o seu nome a uma das ruas da aldeia e sendo-lhe ofertado um aparelho de Radioscopia.


O Doutor Abel foi sempre muito amigo e dedicado aos seus doentes, principalmente aos mais pobres. A população para lhe agradecer deu o seu nome a uma das ruas da vila, em 1948.

Em 1990, o povo voltou a homenageá-lo, colocando um busto na rotunda da Rua do Mercado, para nunca mais o esquecer.

Dr. Abel da Silva Lindo morreu no dia 15 de Julho de 1987.

Em Abril de 1990,uma comissão de Pampilhosenses fez-lhe uma homenagem colocando o seu busto na rotunda da rua do Mercado.

O GEDEPA, em 2005 criou na Casa Rural Quinhentista uma sala chamada “Sala Dr. Abel da Silva Lindo” com todo o material que ele tinha no seu consultório.


Figuras importantes: Manuel Lindo Pleno



Nascido na Pampilhosa a 27 de Setembro de 1936, iniciou os seus estudos musicais aos sete anos com o seu Pai Joaquim Pleno, estreando-se na Filarmónica Pampilhosense tocando caixa, mudando depois para requinta. 
Com 18 anos alistou-se no Exército, na Banda de Música do RI 12, em Coimbra. Em 1956 fez Exame para 1.º Cabo Músico e no mesmo ano efectuou o Exame para Furriel Músico. No ano seguinte foi promovido e colocado na Banda do RI 16, em Évora, como solista em clarinete. Em 1959 iniciou a sua carreira como regente na Filarmónica Lorvanense. Em 1964 fez parte da Orquestra Cívica de Lourenço Marques – Moçambique. Foi regente da Escola do Grupo Amadores de Música Eborense, da Banda Carlista de Montemor-o-Novo, da Banda de Estremoz, Casa do Povo de Penacova, Santana Ferreira, B. V. Espinho e Pinheiro da Bemposta. Em 1978 frequentou o curso para promoção a Sargento-chefe. Colocado como subchefe da Banda da RMC, formou a Orquestra Ligeira, sendo de seguida transferido para o RIP, como professor de Música no curso de formação de Sargentos. Em 9 de Junho de 1979, foi promovido a Sargento-mor Músico e colocado como subchefe da Banda do Exército. 
Dirigia a Banda de Música de Anadia quando, em 1990, devido à enfermidade de seu Pai, passou a dirigir também a Filarmónica Pampilhosense. 
Frequentou, no Conservatório Nacional de Lisboa, o Curso de Pedagogia Musical, tendo como Professores Jos Wuytack, Margarida Amaral e Verena Maschat. Tendo-se desvinculado da Banda de Anadia em 1996, passou a dedicar-se exclusivamente à Composição e à Filarmónica Pampilhosense, sendo o seu Maestro titular e coordenador da Escola de Música. 
Pela sua mão, a Filarmónica tornou-se uma banda de juventude, alegre, destemida, com arrojo. 
O Maestro Manuel Pleno sentia um enorme orgulho da sua Banda e dos seus Músicos. Uma verdadeira cumplicidade revelou-se sobretudo entre ele e a juventude, quando o chamava bem alto: “- Eh Manolo!?”, ao que respondia: “- Yá!”, terminando todos com o célebre: “E salta Manel, e salta Manel, olé, olé!...”. E saltava. Saltava com um brilho de alegria nos olhos. Brilho que foi, infelizmente, desaparecendo, pela doença. 
Quis o Destino levá-lo no dia 22 de Agosto de 2006.

Texto retirado da página web da Junta de Freguesia
Foto: Filarmónica da Pampilhosa